“O estado está presente, só que ele está presente da forma que o convém. Acho que muitas pessoas conseguiram se manter até agora por causa do trabalho dos militantes de favela, afirma Buba Aguiar, socióloga, integrante do Coletivo Fala Akari e moradora de Acari.
Por Thaís Cavalcante/NPC
Com a falta de planejamento e programa governamental específico para as favelas cariocas em tempos de pandemia, a organização e a mobilização dos moradores atuam como um reparador social que diminui as urgências dentro desses territórios.
As iniciativas nas favelas cariocas para preparar ações de solidariedade chegaram junto com a notícia de que a doença se espalhava pelo país, e antes mesmo do anúncio do Auxílio Emergencial oferecido pelo Governo Federal aos cidadãos cadastrados nos programas sociais.
Além do sofrimento das famílias ao perder parentes, nos últimos meses os moradores também enfrentam falta d’água e operações policiais violentas. Acari é uma favela localizada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro com mais de 27 mil habitantes e que se destaca pela solidariedade e pela organização coletiva de grupos de moradores.
Criado em 2015, o Coletivo Fala Akari atua com comunicação comunitária e direito humanos, auxiliou na criação de pré-vestibulares e realiza eventos culturais locais.
Coletivo faz parte do movimento Frente Acari Contra o Corona que já distribuiu 160 cestas básicas, kits de limpeza, água e até uma lembrança de dia das mães.
O acompanhamento do impacto da pandemia na vida dos moradores é diário, principalmente com o aumento de casos e a recomendação de isolamento social, as urgências se tornaram ainda maiores. Acari é o território com o terceiro menor Índice de Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro e conta com o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, a primeira unidade de referência para o tratamento do coronavírus.
Como forma de prevenção, o grupo distribuiu panfletos e pendurou faixas nas ruas com informações sobre o coronavírus. Para garantir as necessidades básicas, o Coletivo Fala Akari criou uma campanha para receber doações online, com o objetivo de comprar alimentos, água potável e produtos básicos de higiene e distribuir para a população mais vulnerável. Para as doações em dinheiro, a prestação de contas é feita nas redes sociais do Coletivo, uma forma de garantir a transparência para quem fez as doações online.
As articulações que fazem a diferença em tempos de pandemia são feitas de forma colaborativa com coletivos de outras favelas, empresas e organizações sociais. Afinal, o movimento de solidariedade do povo é universal.
Para doar, acesse: https://bit.ly/2LA4oUQ
(Thaís Cavalcante faz parte da Rede de Comunicadores do NPC)
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