Saneamento na Baixada Fluminense
- NPC
- 22 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de jun. de 2020
Por Paulo Cesar Faria Machado/NPC

Falar de saneamento no Brasil é complicado... Na verdade, trata-se de um tema em que você nunca fala diretamente como interessado na solução do problema. Pesquisando dados do IBGE, descobrimos que 80% do PIB brasileiro está concentrado em 68 municípios; os restantes 20% estão distribuídos em 5.480 municípios.
No Rio de Janeiro, o buraco fica ainda mais em baixo: nós temos 4 municípios dos 68 municípios concentrando 80% do PIB nacional, que são: Macaé, Campos dos Goitacazes, Duque de Caixas e Rio de Janeiro. Mas nem por isso deixamos de ter comunidades desprovidas de saneamento. Sem falar de Duque de Caixas na Baixada Fluminense, que tem um dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do país!
Os outros municípios da Baixada Fluminense concentram 40% do PIB estadual. No entanto é lá onde vamos encontrar os piores índices de tratamento de esgoto do Brasil: quase todos sem nenhum tratamento!
Em alguns municípios da Baixada Fluminense o panorama do saneamento nos remete aos séculos XVIII e XIX, com valas a céu aberto e poços como único meio de abastecimento de água potável. Isso falando de saneamento básico. No que diz respeito ao saneamento ambiental, a situação é ainda pior.
O saneamento básico, ou seja, água tratada, ligação de esgoto para estação de tratamento, destinação correta dos resíduos sólidos e coleta seletiva, ainda é um sonho para os brasileiros. Sem investimento em saneamento, vemos o país se transformar cada vez mais em uma grande periferia, com o caos urbano crescendo a cada dia.
O saneamento para todos, está sob ataque do governo do Estado, quando este ameaça com vender a CEDAE. Trata-se de uma empresa lucrativa com um considerável valor de mercado, sendo responsável pelo abastecimento de mais de 40 municípios do Estado. Com a sua venda (privatização), o abastecimento de água potável de milhões de moradores está ameaçado. Não há nenhuma garantia de continuidade do abastecimento de água para todos, nem do valor das tarifas que serão cobradas pela empresa privada.
Há dez anos começamos essa caminhada, ainda com o Padre Adelar, fortalecendo-nos na nossa luta com parcerias e com amigos como: CEDAC, FASE, BAÍA VIVA, AÇÃO DA CIDADANIA, SINTSAMA. Além disso, contamos com o apoio das instituições de ensino de nosso Estado, que fazem crescer o nosso conhecimento, trazendo a ciência para o nosso campo de luta, tais como a Fiocruz, UERJ, UFRJ, FEUDUC, UNIGRANRIO, Universidade Rural de Nova Iguaçu, Colégio Estadual Presidente Kennedy, com seus professores e alunos do curso de técnico de meio ambiente, e hoje com muitos alunos militando nas trincheiras do saneamento ambiental.
O nosso lema é “CIDADE SOCIALMENTE JUSTA É CIDADE SEM INJUSTIÇAS AMBIENTAIS”.
Sanear para uma vida, muito melhor.
(Paulo Cesar Faria Machado faz parte da Rede de Comunicadores do NPC.)
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