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Pastoral denuncia retirada de pertences de pessoas em situação de rua

Por Elaine Dal Gobbo para Século Diário

A Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Vitória denuncia, em nota divulgada nessa quinta-feira (27), a permissão da retirada de pertences da população em situação de rua por parte da Prefeitura de Vitória, na gestão do prefeito Luciano Rezende (Cidadania), e do Governo Renato Casagrande (PSB). 


Além dos pertences, retirados por meio de caminhões e carros da prefeitura, com apoio dos agentes de segurança pública, o poder público também está desmontando as malocas, que são moradias improvisadas, como aponta o documento.


A Pastoral salienta que as malocas existem devido ao descaso do poder público, pois "não tem moradia garantida, não tem república social, não tem aluguel social, não têm vagas suficientes nos abrigos existentes". 

A nota destaca ainda que "a rede de solidariedade tecida para os irmãos de rua doa roupas, cobertores e dinheiro para comprarmos alimentos e cobertores. Fazemos as doações de cobertores nesses dias de intenso frio na Grande Vitória e, nos dias seguintes, os órgãos públicos retiram perversamente estes pertences e jogam no lixo", critica. 

A Pastoral recorda que a retirada de pertences da população em situação de rua já ocorreu, mais recentemente, embaixo da Segunda Ponte, no dia 19 de agosto, após um ato ecumênico que denunciou a violência contra a população de rua. O mesmo ocorreu em Jardim Camburi, nessa quarta-feira (26); e na Praça do Papa, na Enseada do Suá, nessa quinta-feira (27). O coordenador da Pastoral do Povo de Rua, Júlio César Pagotto, afirma que apesar de os últimos casos terem acontecido em Vitória, há alguns meses ocorreram também em Vila Velha e Serra. 

"Manifestamos nosso expresso repúdio, indignação e pedimos providências urgentes dos organismos de defesa dos Direitos Humanos contra as violações graves que têm ocorrido no município de Vitória contra a população em situação de rua. As ações de violência e desrespeito com os irmãos de rua não irão nos calar e nem impedir que continuemos o trabalho da Pastoral do Povo de Rua", afirma a nota.

A Pastoral reforça que continuará sua atuação nas ruas "por uma questão humanitária, apoiando aqueles que não têm casa, não têm cobertores e dispõem apenas de papelão para encostar seus corpos". O grupo também conclama entidades, movimentos sociais, igrejas e conselhos de defesa dos direitos humanos para expressar seu repúdio a essas ações higienistas e perversas, além de requerer das autoridades competentes ações urgentes e efetivas que combatam essas violências cometidas cotidianamente contra a população em situação de rua na Grande Vitória". 

Além da Pastoral do Povo de Rua, a nota é assinada pelo Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória; Fórum Capixaba de Lutas Sociais; Círculo Palmarino; Fórum Igrejas & Sociedade em Ação; Conselho Municipal dos Direitos Humanos de Vitória; Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Espírito Santo; Conselho Estadual de Direitos Humanos e Comitê Popular de Proteção aos Direitos Humanos no Contexto da Covid-19.


[Texto cedido pela autora para o Diário da Pandemia na Periferia.]

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