Profissional da educação, mãe e com pais idosos, moradora de um condomínio minha casa minha vida no Anil acredita que o distanciamento social é útil para evitar que crianças peguem e transmitam o vírus.
Por Amanda Soares com supervisão de Claudia Santiago
Gabriela Gomes, 32 anos, mora em um apartamento com o filho de 12 anos, no Anil, Zona Oeste do Rio. A escola onde ela trabalha, como monitora, interrompeu as aulas no último dia 16. Apenas a secretaria continua aberta, mesmo assim, em horário reduzido. A rotina da casa mudou completamente por conta do isolamento social adotado pelo trabalho e pela escola do filho. Mas ela acredita que seja uma medida necessária neste momento.
Antes da determinação da prefeitura, tinha feito compra de mês, e comprou o remédio da mãe, idosa. Os pais de Gabriela são do grupo de risco, e não moram com ela, por isso faz dias que não se veem. Os vizinhos do prédio acompanharam a tendência do isolamento. “Hoje, na hora que fui jogar o lixo, ví que não tinha ninguém. (…) Vejo só os funcionários trabalhando. Nem as crianças brincando.” O balanço que ela faz é otimista. “E eu acho que está valendo, por que por enquanto estamos todos bem”.
No dia a dia, a família segue as orientações do Ministério da Saúde. “Evitamos tocar no rosto, ele não brinca na rua…” Viva o vídeo game e as brincadeiras de tabuleiro! O que não mudou foi a divisão da tutela do filho, que passa parte da semana com o pai. Mesmo sem ter o controle dos cuidados fora de casa, ela vê no menino a consciência dos cuidados: “Ele chega, e lava as mãos, não toca com a mão em nada antes disso”. A dificuldade é dela própria em evitar beijar e abraçar: “As vezes ele falava “mãe, não pode”, ri.
Agora, com filho em idade escolar, a rotina da casa se voltou para que o pequeno não entenda que as férias voltaram. A escola onde ele estuda tenta manter a rotina: “Os professores estão fazendo vídeo aulas, coisas extras, assim os pais participam. Tem pausa (recreio), e depois eles estudam”.
O menino é bom em matemática, e consegue se virar bem por enquanto. A preocupação da mãe é com Português, pois teve que interromper as aulas particulares. O transporte também não está sendo necessário. Mas Gabriela continua pagando pelos serviços. Ela só teme que medidas econômicas que diminuam os salários e prejudiquem sua renda. “Espero que não mude, que continue recebendo, pra eu conseguir continuar pagando as pessoas, por que eu tenho renda fixa, mas essas pessoas não”.
Como profissional da educação, ela vê de perto como é perigoso que crianças frequentem o espaço escolar. “Criança tem contato o tempo inteiro. Brincam, fazem forma…”. E mesmo com a orientação dos pais, é difícil controlar os menores. “Por exemplo, os pais mandavam garrafinha d’água, mas algumas bebiam no bebedouro mesmo assim. Alcool em gel, não usavam.” Para ela, os descuidos são normais para a idade: “Criança não tem maturidade pra ter noção de distanciamento”. Ela segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde e avalia: “Acho que se todo mundo ficar em isolamento, ou pelo menos a maior parte, que pode diminuir os casos, conter isso, acho que está ajudando. Acho que se voltar, a transmissão vai continuar…”
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