Projeto capacita moradores dos bairros Jaburu e São Benedito em ações de prevenção, além de debater instalação de ''casa de apoio".
Por Elaine Dal Gobbo para Século Diário
No Território do Bem, em Vitória, os moradores têm intensificado as ações de prevenção à Covid-19. Para isso, capacitam 20 pessoas que já atuam como presidentes de rua, como têm sido chamados. Por meio dessa iniciativa, os voluntários são responsáveis por atuar em ruas dos bairros Jaburu e São Benedito, orientando os moradores sobre como se prevenir do coronavírus, detectar sintomas e a quem recorrer se desconfiar que contraiu a doença. A ideia é que novos voluntários sejam treinados prestar assistência nas demais comunidades da área.
O projeto é realizado pelo Ateliê de Ideias, Vicariato para Ação Social Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, Fórum de Moradores do Território do Bem e Federação das Fundações e Associações do Terceiro Setor (Fundaes). Segundo a coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Comunitário do Ateliê de Ideias, Denise Biscotto, os voluntários participam de capacitações virtuais semanais com a equipe de um plano de saúde que firmou parceria com o projeto.
"Buscamos pessoas que já estavam engajadas no apoio à comunidade para capacitá-las. Algumas delas já haviam atendido demandas de moradores, como idosos que precisavam de alguém para limpar suas casas para desinfectar, pois moravam com pessoas que morreram de Covid-19. A ideia é capacitar para que possam auxiliar as comunidades e se proteger também", diz Denise. A ideia de criar os presidentes de rua foi baseada em uma iniciativa similar realizada em Paraisópolis, São Paulo. Outra atividade desenvolvida no bairro paulistano também está servindo de exemplo para os moradores do Território do Bem. Trata-se da criação de uma casa de apoio para atender pessoas infectadas com Covid-19 que precisam cumprir isolamento social. De acordo com Denise, já estão sendo firmadas parcerias com empresas e o poder público para concretizar o projeto. A coordenadora do Ateliê de Ideias afirma que a criação da casa de apoio é necessária, pois nas comunidades do Território do Bem muitas pessoas não têm condições de fazer o isolamento. "Tem casas que só tem um ou dois quartos, quartos sem porta..tem terrenos que têm duas, três casas, todas muito perto umas das outras, que não dá nem para a pessoa abrir a janela, pois na casa do lado tem alguém infectado", explica. Denise afirma que as secretarias estaduais de Direitos Humanos, Gestão e Assistência Social e Desenvolvimento já se comprometeram a procurar algum prédio público que possa servir para as instalações da casa de apoio. A proposta, explica Denise, é que a casa tenha 50 leitos, seguranças, cuidadores trabalhando em três turnos e fornecimento de cinco refeições por dia. Para isso, os idealizadores buscam parcerias com a iniciativa privada. Denise acrescenta que a prioridade na contratação dos trabalhadores será para aqueles que moram no Território do Bem.
O Espírito Santo registra, nos últimos dias, a "pauperização da pandemia", com o avanço da Covid-19 para as comunidades carentes. A previsão é de explosão de casos nessas localidades, onde também predomina a falta de informações sobre a doença, como alertam lideranças comunitárias. Nesta terça-feira (12), o Painel Covid ES marcou mais de cinco mil pessoas confirmadas e 212 mortes.
[Matéria cedida pela autora para o Diário da Pandemia na Periferia]
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