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Moradores do Morro do Borel fazem quarentena

“É aquele negócio: não vai ser um na família ou apenas uma família que vai pegar, porque as pessoas vivem de fato em casa pequenas com muita aglomeração de pessoas. Quando alguém pegar, acabou. É o pobre que vai ser mais afetado. Não quero nem pensar quando chegar aqui. A gente da favela já é discriminado. Acho que com o coronavírus a gente pode ser mais criminalizado ainda”, afirma Maria Dalva, moradora do morro do Borel.


Por Tatiana Lima



Com 61 casos suspeitos de coronavírus nas favelas cariocas, a preocupação com a pandemia do Covid-19 nas periferias aumentou. Maria Dalva, moradora do Morro do Borel, de 66 anos, conta que lá ainda não há nenhum caso suspeito ou confirmado. Ela e o marido, de 64 anos, fazem parte do grupo de risco e estão em isolamento em casa há uma semana. “Não saio pra nada. É minha neta e meu filho que vão ao supermercado”, explica. 


Ela conta que no Morro do Borel não falta água, mas ressalta que na parte alta da comunidade há moradores que vivem em barracos sem água encanada e saneamento básico. A Associação de Moradores do Borel está mobilizada e também já se preocupa com necessidade de cestas básicas. 


“As crianças não estão na escola. Com isso, parte das refeições que eram feitas lá, agora, são feitas em casa. Isso aumenta a quantidade de alimentos necessária a uma família. Imagina uma família com seis crianças que agora precisa fazer todas as refeições em casa”, diz.  E continua: “Sem contar que vários itens de alimentação aumentaram no supermercado. Está mais barato comprar nas vendinhas aqui do morro do que no supermercado”. 


Dalva também conta que a Clinica da Família do Borel já começou a vacinar os idosos e que mantém a distribuição de medicamentos à população – com receita médica – todas às terças-feiras e quintas-feiras. 


Já o comércio - pequenas biroscas no pé do morro -, foi fechado pela polícia para evitar aglomeração. Padarias e quitandas que vendem produtos alimentícios seguem abertas. Porém, os clientes entram de um em um para evitar aglomeração dentro das lojas. 

Até o momento, não tem faltado luz na comunidade.


Igrejas evangélicas seguem abertas e tendo culto normalmente: “Aqui em frente a minha casa tem uma. Ela segue funcionando”. 


Para Dalva, no começo, a população não estava levando a sério o isolamento social – quarentena – como prevenção ao Covid-19, mas desde segunda-feira (23/03) a situação mudou. A população do Borel se recolheu em casa, inclusive, as crianças. 


“É aquele negócio: não vai ser um na família ou apenas uma família que vai pegar, porque as pessoas vivem de fato em casa pequenas com muita aglomeração de pessoas. Quando alguém pegar, acabou. É o pobre que vai ser mais afetado. Não quero nem pensar quando chegar aqui. A gente da favela já é discriminado. Acho que com o coronavírus a gente pode ser mais criminalizado ainda”, opina Dalva Nascimento. 


E completa: “É por isso que a gente tem sim que ficar em casa! Tem que fazer a prevenção! Porque se chegar forte na periferia não vai ter como controlar”. 

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