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Moradores do Bonfim denunciam violência policial na comunidade

Segundo Crislayne Zeferina, integrante do Coletivo Beco, ocorreram casos de violência física e patrimonial nesse final de semana.


Por Elaine Dal Gobbo para Século Diário


Bonfim. Foto: Arquivo AG

O final da tarde desse sábado (2) foi de pânico no Território do Bem, em Vitória, mais precisamente no bairro Bonfim. Em meio à busca por um traficante, a Polícia Militar, segundo moradores, chegou ao local atirando a esmo, destruindo bens materiais e ofendendo verbalmente as pessoas. De acordo com a integrante do Coletivo Beco, Crislayne Zeferina, esse tipo de abordagem policial é constante na região e, após o último ocorrido, o poder público já foi acionado. 


Crislayne relata que primeiro foram tiros de bala de borracha, que atingiram moradores, entre eles, crianças. Depois, de balas letais, deixando as casas marcadas com buracos e quebrando o cano de duas moradias. A integrante do Coletivo Beco afirma que os moradores dessas casas não têm caixa d' água, acessando água da rua em dias alternados, mas com a quebra dos canos isso foi impossibilitado. "Essas pessoas, inclusive, estão desempregadas por causa da pandemia, não têm condições de comprar os canos, e a comunidade está se mobilizando para comprar tanto os canos quanto a caixa d'água", explica. 

Em um vídeo publicado nas redes sociais, moradoras relatam que a violência não foi somente patrimonial e física, mas também verbal, já que ao passarem pelas mulheres os policiais as insultavam com palavras de baixo calão. "Vivemos em um sistema policial para caçar corpos pretos e favelados. Os moradores só querem fazer seu isolamento social, mas nem isso estamos conseguindo", critica Crislayne, que conta que uma idosa quase enfartou ao ter sua casa alvejada com tiros, tendo que correr para a rua para se proteger. 

Comitê de Fiscalização 

Crislayne afirma que a comunidade fez denúncia à Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) e encaminhou o pedido de criação de um comitê de fiscalização, com participação da sociedade civil, que sirva como um canal de diálogo com o poder público. A comunidade, conta Crislayne, entrou em contato com a Secretária Estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo, que falou que irá conversar com o governador Renato Casagrande (PSB) para marcar reunião com os moradores. 

O Conselho Estadual de Direitos Humanos também foi procurado pela comunidade. Segundo a integrante do Coletivo Beco, o Conselho informou que o assunto será debatido na reunião desta segunda-feira (4). Cryslaine destaca que a Escadaria dos Trabalhadores, onde aconteceu a apreensão policial, é um espaço de lazer para a comunidade, pois tem uma mini praça, por isso havia diversas pessoas ali. "Não temos praças, não temos parques, como em bairros como Jardim da Penha e Mata da Praia, nossos locais de lazer são os becos, as pedras e escadarias", pontua.


'A assistência não chega, a segurança pública sim'


Crislayne acrescenta que a assistência em meio à pandemia de coronavírus não chega à região, mas a segurança pública, sim. A integrante do Coletivo Beco denuncia que na escola de ensino fundamental Zilda Andrade, em Bairro da Penha, dos mais de 200 alunos, apenas 16 receberam as cestas provenientes da merenda escolar. "A prefeitura divulgou que as famílias que receberiam as cestas seriam as cadastradas no CadÚnico. Agora diz que as famílias têm que estar abaixo da linha da pobreza. O que é linha da pobreza para a prefeitura de Vitória? Falta transparência. Quais são os critérios?", questiona Crislayne.


* Matéria cedida pela autora para o Diário da Pandemia na Periferia.

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