Por Gizele Martins
Há 10 anos, eu e uns amigos fotógrafos da MARÉ fomos até o Alemão cobrir as violações de direitos ocasionadas naquele dia de invasão das forças armadas. Leia trechos da matéria!
Um dia na Favela do Alemão, o que a mídia não mostrou
Diferente do dia a dia de uma favela, que sempre está lotada de gente, com crianças brincando pelas calçadas, alegria e música ao ar livre, trabalhadores e trabalhadoras voltando de seus trabalhos, e estudantes voltando de seus colégios, encontramos nas Favelas do Alemão, pouquíssimas ruas com movimentação. O Alemão é um conjunto de 13 favelas, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Na verdade, a movimentação que eu e meus amigos fotógrafos encontramos pelas ruas era a forte presença do Exército, da Polícia Civil e Militar. E a “ocupação” ou “invasão” estava desde a pista de entrada das favelas até as casas e lajes dos moradores.
Nas andanças pelas ruas, vielas, becos e naquelas subidas e descidas de ladeiras, o que víamos eram diversas casas com um pequeno aviso na porta: “Por favor, não invada a nossa casa, ela já foi revistada. Se quiser entrar, a chave está ao lado, na casa do vizinho”. O que descreve mesmo num simples papel, o que de fato os moradores daquele local estão sofrendo, a ação violenta da polícia, a invasão da polícia em suas casas.
As ruas, com pouquíssimas pessoas andando, e as portas fechadas também são exemplos de toda esta confusão que sobrevoa aquele conjunto de favelas. A mídia, que faz questão de enfatizar que está tudo em paz, nos mostrou o contrário, que o silêncio daquelas ruas não significava a tal paz. Numa das ladeiras que subíamos, um morador parou a Kombi que estava dirigindo e gritou: “Quero que vocês tirem fotos, filmem o que os policiais estão fazendo nas nossas casas. Eles estão invadindo, agredindo, roubando a gente. Isso eu quero ver sair no jornal, isso vocês não mostram. Isso é uma vergonha!”, disse indignado aquele senhor.
[Matéria completa na Página do Jornal O Cidadão.]
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