Por Amanda Soares/NPC*
A Pandemia de Covid 19 explicitou a falta de políticas de apoio à população em situação de rua em São Gonçalo, cidade da região metropolitana do Rio. No bairro de Santa Luzia, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) tenta compensar a falta de assistência pública com um trabalho semanal de distribuição de comida a essas pessoas.
Desempregada e viúva há poucos meses, Maria de Fátima faz um pouco de tudo para sustentar o filho com necessidades especiais: é cuidadora, faxineira, cozinheira. Sua rotina é corrida, típica das Marias, Marias, fortes de Milton Nascimento. Mas ela não se queixa: “Na minha casa não falta nada”. Por isso, todo domingo ela se dedica à cozinha do MTST, levando uma refeição decente à população de rua local.
Ela conta que depois da decretação da quarentena, aumentou o número de pessoas com fome. “O pessoal de rua, que antes vendiam latinha, papel, coisas na rua, agora contam com a gente, com ações pra poder se sustentar.” Ela sabe que eles precisam de muito mais, e desabafa: “A gente sabe que eles vão ficar com fome mais tarde”.
Além de não assistir essa parcela da população que vive à margem, a cidade também não teria como tratá-los caso se contaminem pelo novo vírus. A única UPA de Santa Luzia já não suporta as necessidades atuais. “Nunca tem médico, ainda mais agora. Há alguns meses um companheiro nosso sofreu um acidente na cozinha e se queimou, e precisamos levar ele na UPA. Demorou muito o atendimento.”, expõe Maria de Fátima.
A segunda cidade mais populosa do estado do Rio com mais de um milhão de habitantes (IBGE 2018), promete abrir em breve um hospital de campanha com 200 leitos para pacientes com Covid 19 e contratar 426 profissionais de saúde. Com mais de um milhão de habitantes, a 2a cidade mais populosa do estado do Rio já tem 99 casos confirmados e 1.574 suspeitos, segundo a Secretaria de Saúde do município.
*Amanda Soares faz parte da Rede de Comunicadores do NPC
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