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Senso comum é barreira contra prevenção ao Corona Vírus

Morador de São João de Meriti demonstra preocupação: “As pessoas não podem entender isso como um debate político”.

Por Amanda Soares/NPC


Uma campanha do Movimento Pró Saneamento em parceria com a Igreja Batista vem tentando compensar a falta de iniciativas públicas de prevenção ao Covid 19 no Beco da Lacraia, em Parque Araruama, periferia de São João de Meriti. O trabalho conta com voluntários como o Paulo Machado, 55 anos. Morador do bairro e atuante há cinco anos na região, ele conhece os problemas locais, e um deles é a dificuldade em aceitar que o problema existe. “As pessoas estão levando suas vidas normais”, lamenta.

Paulo começou a atuar na comunidade em 2015, após um incêndio destruir 60 barracos, e conhece bem os problemas crônicos dos moradores: “Quase nenhuma casa tem banheiro, e muitas delas é feita de papelão(...)”. A região também sofreu com as fortes chuvas de verão acima da média na cidade. “Há dois meses, a chuva prejudicou muito os poucos bens das famílias que moram ali”, e faz uma triste constatação “Eles estão acostumados a perder tudo”.

Até o momento, 42 famílias receberam ao menos uma cesta básica cada. Objetivo é chegar a todas as 152 cadastradas pelo Movimento Pró Saneamento. As doações recebidas estão sendo entregues por um voluntário, que solicita a família contemplada que vá até local, uma por vez, evitando aglomeração no momento da entrega. Até agora, as doações são de alimentos não perecíveis e itens de limpeza e higiene pessoal. “No primeiro momento, não incluímos máscaras, mas estamos organizando para a próxima”.

Censo demográfico x Senso comum

São João de Meriti tem uma população estimada de 472 mil habitantes (IBGE). Destes, quase 300 mil se autodeclaram negras (pretas ou pardas, segundo o Censo). De acordo com a publicação do Ministério da Saúde no começo de abril, o índice de mortalidade de pessoas nesse perfil por covid 19 é de 32%. As causas do aumento do contágio em áreas de periferia e mortalidade, segundo o ministério, podem estar ligadas a condições socioeconômicas precárias, como é o caso dos moradores do Beco da Lacraia.

Mesmo diante do risco para a saúde, e todo o esforço dos voluntários, segundo Paulo, os moradores do Beco da Lacraia não parecem estar convencidos. “As pessoas estão levando suas vidas normais”, constata. O comércio e os bares abertos atraem o movimento, e as crianças que estão sem aula por causa da quarentena, passam o dia na rua, brincando com os vizinhos. Exatamente o oposto do isolamento social recomendado.

Até o uso da máscara está sendo deixado de lado por causa do senso comum: “estão distorcendo a função do uso da máscara, como um equipamento de posicionamento de pessoas de esquerda, frescura. Ele faz um apelo: “As pessoas não podem entender isso como um debate político. Eu não to usando máscara por que quero combater o político tal ou tal, mas por que quero combater o vírus”.

Como ajudar

Para mais informações, pode-se entrar em contato pela página do Movimento Pró Saneamento .


Acesse aqui e confira do depoimento de Paulo Machado, secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Urbano, militante do MPS e ambientalista.

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