Comunidade Chico Mendes enfrenta crise econômica e promove Campanha Solidária
- NPC
- 19 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Por Inessa Lopes/NPC

Quarentena, isolamento, pandemia...Há três meses, essas palavras tomaram conta de nossas vidas. Bocas cobertas por máscaras dificultam o sorriso e a comunicação. O abraço, antes tão saudável, agora é perigoso. Todo cuidado é pouco contra o coronavírus.
Mas como seguir as recomendações da OMS quando falta saneamento básico? Como manter o distanciamento necessário quando falta espaço em casa? Como se proteger e ao mesmo tempo ter que continuar trabalhando? Outra preocupação é com as crianças. Como mantê-las ocupadas? Como assistir às aulas online quando falta internet de qualidade e dinheiro para imprimir as apostilas?
A realidade da Comunidade Chico Mendes/Morro do Chapadão não é muito diferente da de várias favelas do Rio de Janeiro e do Brasil.
Moradora da comunidade, a manicure autônoma Érica Cristina Rodrigues da Silva, 37 anos, conta que o movimento caiu durante a pandemia. Muitas clientes ficaram em casa sem receber; a maioria é empregada doméstica. “— Tive que cortar despesas como academia, balé, explicadora, dentista. Com o pouco que entra, tento pagar as contas de mais necessidade”, conta Érica. Sobre o futuro, ela acha que as medidas de prevenção continuarão por anos. “Esse vírus vai ficar”, aposta.
Suellen da Silva, 32 anos, trabalha como auxiliar de serviços gerais numa escola particular, na Tijuca. Ela é funcionária terceirizada. No início da pandemia, teve 50% do salário suspenso. Não demorou 15 dias para que ele fosse totalmente cortado. “Foi um choque! Estou vivendo de seguro-desemprego há dois meses. Depois, não sei”, lamenta.
Hathyeli de Lima, 22 anos, continuou trabalhando num açougue durante a pandemia: “Só deram máscara. Uso luvas por minha conta. Está sendo difícil por causa dos meus filhos, mas não tenho alternativa. Acho que a vida depois da pandemia vai ser muito tensa, o medo já tomou conta de nós”, desabafa

A Esperança é Comunitária. Há mais de 20 anos, o Movimento de Comunidades Populares (MCP) atua na comunidade Chico Mendes, que fica no Chapadão, na Pavuna. Durante a pandemia, as atividades que juntavam muitas pessoas foram interrompidas. Mas pequenos grupos continuam a se reunir para refletir sobre os jornais e boletins do Movimento e para as tarefas de administração do Grupo de Investimento Coletivo (GIC).
O Mercadinho Coletivo e as Compras Coletivas mensais também continuam funcionando. Algumas mulheres se reúnem para fazer exercícios físicos com o objetivo de melhorar a saúde física e mental. Em todas as ocasiões, tem se tomado as medidas necessárias de prevenção como o uso de máscaras e de álcool em gel, além do distanciamento.

As atividades da creche, da Escola Jardim da Comunidade (EJC) e do transporte escolar, que atendem às necessidades de mais de 50 crianças, tiveram de ser suspensas. Foram organizados plantões na EJC para as crianças não ficarem sem estudar. Esse trabalho é mantido com a contribuição dos responsáveis e com o apoio de companheiras/os através da Rede de Amigos da EJC. A campanha em busca de apoio foi reforçada no momento de emergência.
A Organização Social Viva Rio doou 50 cestas básicas. Diversas pessoas e alguns sindicatos também contribuíram e demonstraram solidariedade entre a classe trabalhadora.
(Inessa Lopes faz parte da Rede de Comunicadores do NPC)
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