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Movimentos de favelas resistem e lutam pelo direito à vida nos seus territórios

Por Gizele Martins para Coletivo Pretaria

São muitos os desafios que nós, população das favelas do Rio de Janeiro, estamos sofrendo e enfrentando com a chegada e com o aumento do número de infectados e mortos pelo novo coronavírus (covid-19). Os governantes, nem mesmo num momento como este — de pandemia mundial e que a prioridade deveria ser o de resguardar as nossas vidas — , garantem qualquer tipo de direito, pelo contrário, as políticas de Bolsonaro e dos governos estaduais e municipais são de retirada de direitos.


Nós, moradores das favelas do Rio, estamos vivendo à própria sorte, estamos sem água, trabalho, alimentos, além de estarmos sofrendo com as constantes violações cometidas pelas polícias militar e civil. Já são inúmeras as crianças negras, pobres e faveladas assassinadas dentro das favelas e periferias do Rio este ano. O Direito à Memória e Justiça Racial (DMJR) sistematizou e chegou ao número de 81 crianças e adolescentes assassinados, só no período de janeiro a março. Ainda nos quatro meses deste ano, mais de 600 pessoas, principalmente jovens negros, foram assassinadas nas favelas pelas forças bélicas, militarizadas e genocidas do governo brasileiro.


Por estarmos sufocados por essa política brasileira da morte e pela piora da situação das favelas, coletivos que são parte dos movimentos de favelas do Rio organizaram duas manifestações intituladas Vidas negras importam. Tomar essa decisão em um momento de pandemia foi necessária e urgente, porque nós, moradores das favelas, estamos vendo de perto os nossos morrendo de tiro, covid-19 e fome. Além disso, estes mesmos coletivos de favelas entraram na justiça para — pelo menos nesse período de pandemia — não ocorrerem operações policiais nos territórios. O caso continua na justiça e conseguir isto seria uma momentânea, mas grande vitória.


Ou seja, estamos lidando com a fome, com a doença e com as inúmeras formas de morte daqueles que são nossos. É um abandono completo. Tudo isso piora em escala quando se vive em um país que tem como regra o histórico de massacre das populações negras e faveladas. Nossa alternativa neste momento é o de resistir e buscar todas e quaisquer formas de apoio para sobrevivermos ao tiro, à fome e à covid-19.


Eles, o Estado, vêm flexibilizando a morte dos nossos de inúmeras formas e o nosso papel é buscar formas para diminuir cada vez mais o impacto da desigualdade e das faltas de direitos, sabendo, óbvio, que não somos nós os responsáveis pela garantia de direitos, mas não há escolha para nós a não ser resistir coletivamente pela busca da água, da casa, da alimentação e da vida!


É preciso resistir! Favela vive e resiste!

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